O Diploma não é o fim

Escrito por 
Karina N. Tomelin
Publicado 
6/2/2023
C

Conrado Schlochauer, autor do livro Lifelong Learners, propõe uma reflexão sobre a forma como compreendemos as gerações e por que construímos a crença de que a aprendizagem está relegada a uma fase da vida. Tendemos a segmentar o ciclo da vida em três grandes partes: a dos anos iniciais, dedicada à nossa formação acadêmica, a intermediária, dedicada ao nosso trabalho, e o fim, a nossa aposentadoria e o descanso. Esta crença trata estas fases de forma linear, ou seja, sem relacioná-las ou intercalá-las. Acontece que esta visão está mudando, principalmente porque:

"Considerando que atualmente estamos vivendo muito mais, e o mundo está muito mais rápido, o aprendizado é o único caminho para nos mantermos relevantes e ativos". (Conrado Schlochauer)

Com o aumento da expectativa de vida e a mudança provocada pela revolução digital, estamos trabalhando mais tempo, podemos flexibilizar nossa forma de lazer e descanso e precisamos aprender durante toda nossa jornada. Outra crença que contribuiu para consolidar a ideia de que a fase do aprendizado é exclusivo de crianças e adolescentes está fundamentada nas pesquisas iniciais sobre aprendizagem que consideravam somente estas etapas da vida bem como a ideia de que nosso cérebro perdia neurônios. progressivamente. ao longo do nosso desenvolvimento adulto, dificultando o aprendizado. 

Pesquisas recentes sobre a neurociência e a neuroplasticidade cerebral, no entanto, têm demonstrado que nosso cérebro é capaz de se modificar ao longo da nossa experiência adulta. Um exemplo clássico foi a pesquisa realizada por Eleanor Maguire sobre os motoristas de táxi de Londres. Eles passam por quatro anos de treinamento intenso antes de serem aprovados em um exame que verifica a capacidade de memorizar as extensas vias de Londres de diferentes combinações e permutações. O exame cobre 320 rotas com 25 mil ruas e 20 mil pontos de referência (hotéis, teatros, restaurantes, embaixadas, delegacias). 

Você pode imaginar o desafio mental dos candidatos para estudar todos estes percursos? 

Esta experiência despertou interesse dos neurocientistas da University College, de Londres, que resolveram pesquisar e escanear o cérebro de vários motoristas de táxi. Eles descobriram que havia diferenças visíveis nos cérebros dos taxistas: a parte responsável pela memória espacial, localizada no posterior do hipocampo, era muito maior do que a das pessoas do grupo de controle. Também descobriram que quanto mais tempo de profissão o taxista tinha, maior era a alteração naquela região do cérebro. Este estudo ganhou repercussão mundial, especialmente por revelar que o cérebro adulto não é imutável, ele pode se reconfigurar.

O Relatório do Fórum Econômico Mundial "O Futuro dos Empregos" (2020) prevê que, nos próximos três anos, 85 milhões de postos de trabalho serão eliminados, e que os empregadores identificam novas competências do profissional do futuro:

  • Pensamento analítico e inovação.
  • Aprendizagem ativa e estratégias de aprendizado.
  • Resolução de problemas.
  • Pensamento crítico.
  • Criatividade.
  • Liderança.
  • Uso, monitoramento e controle de tecnologias.
  • Programação.
  • Resiliência, tolerância ao estresse e flexibilidade.
  • Raciocínio lógico.

Por outro lado, como podemos promover um aprendizado efetivo diante da avalanche de informações a que estamos submetidos?

O novo papel da escola - e do aprendizado autodirigido - está relacionado à criação de estratégias que nos apoiem a navegar no excesso de informações a que estamos expostos. (Conrado Schlochauer)

Stephen Parker, Líder Global da KPMG Internacional, no relatório sobre O futuro do Ensino Superior em um mundo disruptivo, afirma que: "A Idade de Ouro das universidades está passando, e a vida está se tornando mais difícil. Os custos crescentes não são mais acompanhados pela disposição de governos e estudantes de pagar por eles".

Entre os desafios e as ameaças ao Ensino Superior está:

  1. Incapacidade para expandir para novas oportunidades e o aumento da despesa por aluno: Segundo o relatório da OCDE (2020), em treze países, as despesas por aluno dobraram no Ensino Superior. 
  2. Dificuldade em entregar mão de obra pronta para a sociedade: empregadores têm exigido cada vez mais graduados prontos em vez de treiná-los, internamente, além de alegarem que há competências importantes que são necessárias e que as universidades não ensinam, como habilidades sociais, inteligência emocional, trabalho em equipe, comunicação e gerenciamento de tempo.
  3. Diminuição de investimento público que investe em áreas onde há maior concentração de votos: com o envelhecimento da população e as políticas de saúde atraírem mais votos, cortes nos financiamentos para universidades têm sido experimentado em todo mundo.  
  4. Surgimento de novos concorrentes digitais: há um aumento sensível de cursos online promovidos por empresas e, também, de maneira autônoma por profissionais e especialistas em determinadas áreas. 
  5. Cultura interna relutante para a transformação digital: o legado histórico e catedrático da forma como as instituições têm ensinado ao longo dos anos movimenta-se com uma força de resistência a novos modelos de aprendizagem.

Com a evolução das tecnologias e novas demandas do mercado de trabalho, as competências exigidas do profissional do futuro estão mudando rapidamente. Por isso, é ainda mais importante que os professores estejam sempre aprendendo e desenvolvendo habilidades como pensamento analítico, resolução de problemas e trabalho em equipe, para preparar os alunos para os desafios do futuro.

Através da educação continuada, os professores podem aprender novas metodologias de ensino, técnicas de avaliação, ferramentas tecnológicas para aprimorar o aprendizado dos alunos e aprimorar suas habilidades pedagógicas. Além disso, a educação continuada pode aumentar a motivação e a satisfação dos professores, tornando-os mais engajados e eficazes no ensino.

Para ajudar nessa missão, existem diversas opções de educação continuada, como programas de pós-graduação e plataformas online, que permitem aos professores se atualizarem e aprimorarem suas habilidades de acordo com as suas necessidades e disponibilidade de tempo. Se você é professor, e quer se manter atualizado sem comprometer sua rotina de trabalho, conheça o EducaSpace! Uma plataforma de microformações para docentes que oferece cursos online de curta duração e com foco no desenvolvimento de competências do profissional do futuro.

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